Na semana passada, o ministério público italiano mandou recolher 600 mil garrafas do tinto Brunello di Montalcino para exame, um dos tipos mais renomados e caros do país. O governo italiano suspeita que quatro das 200 vinícolas que produzem o Brunello di Montalcino tenham usado uvas fora das especificações na safra de 2003, que começa a ser vendida agora.
Este é um dilema usual do mercado moderno de vinhos:
- ir buscar uvas fora da especificação/região e garantir o suprimento da demanda
- aumentar o preço de seu produtos e sair da faixa de mercado antes planejada para o produto
Esta situação não é exclusividade deste mercado mas atinge grande parte do varejo em qualquer lugar do mundo. A distribuição é pedra fundamental de qualquer estratégia desde a formalização dos 4Ps. Mais do que nunca, preço é variável influenciadora (com peso redobrado para produtos de luxo).
Então como sair dessa? Me parece que o estrito alinhamento aos valores da marca e principalmente quanto a postura ética do negócio (neste caso o respeito total às regras de composição do produto) é fundamental. A consequente e atual situação é certamente mais prejudicial à marca do que o não atendimento da demanda crescente.
Não nos esqueçamos que esta certificação regional é que empresta “alma” ao vinho. É transferência de valor de marca pura: pensem por exemplo no Beaujolais. Não havendo respeito a suas regras, a marca morde a mão que a alimenta.